segunda-feira, 13 de julho de 2009

O balneário da Europa



Mais um Domingo a descansar ao som de pássaros e rebentar de pequenas ondas. A nossa costa é fantástica e recuso-me a marcar férias de praia para outros destinos a não ser que seja para me oferecerem uma água mais quente e coqueiros para me regalarem um imaginário desde há muito enraizado como lugar idílico.
É bom poder estar na praia sem haverem cães a correrem de um lado para outro e criancinhas longe dos olhares dos pais jogando futebol no nosso estabelecido perímetro de lazer.
A praia é pública em Portugal e ainda bem que o é!
Enquanto desfrutava do Courrier apercebia-me que os nossos vizinhos espanhóis também nutrem da mesma admiração pela nossa costa vicentina.
Não posso deixar de transcrever partes de um texto que Jordi Joan Baños escreveu para o La Vanguardia e que mais uma vez vai de encontro á ideia que partilho constantemente com os meus clientes quando lhes falo da nossa realidade .
"Se há um lugar na Europa que não foi colhido de surpresa pela estagnação da economia é Portugal. Mais do que uma conjuntura económica, a crise e a melancolia que leva acoplada parecem ali um estado de alma.Pelo menos desde que, há cinco anos, o então primeiro-ministro José Barroso abandonou o barco em mares agitados para partir para Bruxelas, pouco depois de ter servido de anfitrião da Cimeira dos Açores - um acontecimento não precisamente fortalecedor da unidade europeia.(....)
Inteligentemente, o próprio Sócrates - como Zapatero - apoia Barroso para um novo mandato de presidente da Comissão Europeia. Faz bem: três em cada quatro portugueses consideram-no bom para Portugal.(....)
Menção especial merecem os cartazes de Ferreira Leite que surgem nas estradas portuguesas. "Não desista. Todos somos precisos", rezam. Mas a desolada foto a preto e branco da candidata, sem maquilhagem, poderia fazer pensar os turistas que visitam o Algarve de que se trata da mensagem de uma associação de apoio á terceira idade ou de prevenção do suicídio.(...)
Mas voltemos á crise. A deterioração económica pode deter o lento declínio do Partido Comunista de Portugal, o mais ortodoxo do ocidente. Mas, sobretudo, pode dar asas ao Bloco de Esquerda, um partido surgido nos anos 90, com uma ideologia eco- socialista equivalente ao da Iniciativa per Catalunya. O carácter visionário do seu líder, Louçã, de grande solidez intelectual, põe os cabelos em pé aos sectores centristas da sociedade portuguesa.
Ao longo da última década, Portugal assistiu perplexo á descolagem da economia espanhola. Ao mesmo tempo, converteu-se no terceiro mercado para as empresas espanholas. Agora, são os espanhóis que vendem roupa e hortaliças a Portugal. Entretanto, os portugueses voltaram a emigrar, em muitos casos para Espanha.
A crise tem pelo menos, um lado bom. Desmoronado o modelo económico espanhol, baseado no tijolo, o litoral Alentejano respira mais tranquilo. Á mesma latitude de Alicante, embora com águas mais frias, Portugal conta com imensas praias virgens que só podem provocar inveja a catalães, valencianos ou andaluzes. A riqueza de um país também se mede pelo respeito pelo seu território e pela sua beleza natural. E a sensibilidade estética dos portugueses pela sua paisagem urbana e natural sempre esteve muito acima da nossa. Graças a Deus que ainda temos Portugal. (...)
O litoral Alentejano é um dos últimos redutos costeiros da península que resistiu á especulação imobiliária. Á excepção, a península de Tróia, junto a Setúbal e já muito próxima de Lisboa, confirma a regra. A sua renovação urbana fez-se depois de se derrubarem os piores arranha-céus, do tipo Manga Del Mar Menor, e apostando numa arquitectura de qualidade.
Depois de ter sido a guarda avançada do Ocidente e o pioneiro da globalização - veja-se a Índia, a que Portugal chegou antes que a "Las Indias", em contraste com Castela - , com a sua lentidão, a sua luz e os seus sabores, Portugal parece resignado ao seu destino de balneário da Europa. "

E quem é que vive em Portugal? Os portugueses! E mais uma vez aqui fica uma pequena nota de uma amiga psicóloga escandinava que ao visitar Portugal pela primeira vez me disse : " cada povo tem aquilo que merece!"


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