sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Para os meus pilares/amigas  que têm o meu mar no seu olhar .

"Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
... Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os Homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes
e calma."
Sophia M.B.Andersen

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Há quem ainda procure uma rainha ...



Felizmente, que este homem não fundou uma escola para formar crianças como em tempos lhe tinha passado pela cabeça!

Imaginem as vossas crianças a ouvirem estas barbaridades como referências :

"If you want to get ahead in life marry with someone who also wants to get ahead"


"I have seen this graph (below) in The Atlantic. What we see is that the only group that raised their income since the 70's are the couples that both work.
Why is this? Why the single Dad & the single mom didn't improve?Why the married couples where only one of them works didn't improve at all?
I have 2 explanations:

1.Only the top tier of the educated/knowledge improved in the last 30 years. The Globalization/Automation is killing the middle class. Jobs are being replaced by machines and some middle class jobs were transferred to third world. I guess most of the top tier American can and do live together and both work.
2.If both parties in a household work they can accept/accommodate the fact the other need to work overtime, has to travel, to put some sleepless nights, etc... When you are married with someone that doesn't work and expects you at home for dinner, usually they don't compromise and they want you home early. People that don't work want they husband/wife to have a balanced life. When you have a balanced life you go nowhere!"
By F.M.C.


É sempre bom relembrar a estes homens que não somos um número para adicionar ou para diminuir.
E triste, é saber o que vai na cabeça deste homem e admirá-lo por tantos desiquilibrios estruturais.

Felizmente, que existem pessoas mais clarividentes que nos chamam á razão e nos mostram a verdade a tempo de evitar mais manipulações ; tão subtis ,quanto a simples técnica de parecer tótó quando de facto é só uma técnica de disfarce para encobrir o verdadeiro carácter.

Prefiro ensinar aos pequenos que o casamento é um  voto de confiança e  de amor entre duas pessoas  do que um compromisso financeiro  esquematizado para levar á riqueza material de ambos.

Vivam as histórias de casamentos onde há paz, confiança, partilha, cumplicidade e respeito. O resto são negócios!
Afinal, quem é que acredita em histórias de reis e rainhas ?
 

sábado, 27 de julho de 2013

O tardio nascer do sol

José Talentino Mendonça foi-me dado a conhecer por uma amiga transmontana por quem tenho um grande carinho ; e desde aí que sigo por perto todas as crónicas deste homem tão sábio , delicado e próximo de Deus... do seu Deus.
 São pessoas diferentes como Talentino que me fazem acreditar que, o bem personificado existe, e pode ajudar a relembrar-mo-nos a finalidade da nossa passagem pela Terra, construir um mundo verdadeiro e em osmose com a natureza. Começando pela palavra.
 As suas histórias são sempre uma dádiva do ensinamento do que é ser nobre e a sua poesia é de uma sensibilidade da mais fina seda oriental quase transparecendo o sentido feminino pouco absorvido pelo homem.

 Hoje transcrevo a sua história que me faz recordar uma outra vida :
"Lembro-me de uma história que uma querida amiga me contou. O seu pai era juiz em Itália. Um homem severo e absorto, sem tempo a desperdiçar, sem grande vontade de levantar os olhos do seu importante mundo,ainda menos para escutar as minudências porque passavam os miúdos. Ela cresceu, formou-se e, durante os primeiros anos, chegou a trabalhar como secretária do pai. Essa proximidade em nada alterou o quadro que conhecia: continuavam dois estranhos, com uma relação puramente formal e um mundo submerso de coisas por dizer. Ela conta que um dia fizeram uma viagem de trabalho a uma das ilhas gregas. Foram de barco, e podemos imaginar os longos tempos de travessia.
De madrugada, porém, sobressaltada, ela percebe que o pai está no seu camarote, a acordá-la. Fixa-o sem perceber bem o que se está a passar. E ele diz-lhe : "Vem ver o sol que está a nascer. É enorme, enorme. Vem depressa. Vais gostar. Vem." Muitos anos depois, o pai já tinha morrido esta história tinha-se passado há décadas, a minha amiga confiava-me : 
" Se ele tivesse feito pelo menos mais uma coisa destas, pelo menos mais uma, eu ter-lhe -ia perdoado tudo "
A caixa dos brinquedos de cada um de nós deveria ser declarada património imaterial da humanidade"

Eternamente agradecida a Conceição Camelo por me suportar e apoiar em todos os meus momentos menos bons.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Ondulando entre mar e amor


Cheira a descontração, mesmo que haja contração económica, social e intelectual dos chamados governantes deste país.
Os turistas espantam-se com o potencial deste paraíso escondido no fim da Europa e insistem em que temos que soltar ao vento as boas coisas que não queremos vender...

Retenho o meu comentário e finalmente concordo que estas praias infinitamente onduladas de dunas e de escarpas cor de ferro são mais agradáveis como estão...quase abandonadas ás delícias da solidão de quem se queira entregar á beleza da briza salgada colada aos rostos de felicidade de gostar da simplicidade do sentir.

Sem toque ,não poderia sentir a amalgama do teu corpo
 á deriva
 entre a corrente marítima e os meus braços;
Oiço a tua respiração que se confunde com o ondular desenrolado nos nossos pés;
Sinto a tua boca salgada , mas não sei se bebo o mar 
ou se são ambos a minha sede de perdição;

Emaranhado nos meus cabelos sinto os teus dedos de odor a nós, após o amor.
E Vejo-te sempre que olho este mar
infinitamente com a cor dos teus olhos
espelhando o que de melhor trago para te oferecer.
Aqui na areia seca deambulo sobre tudo isto que te dou sem reservas:
o mundo pintado de azul do céu á terra 
passando pela ténue linha do horizonte
onde permanece a nossa linha por decifrar.


terça-feira, 16 de julho de 2013

Para o meu coração basta o teu peito,
para a tua liberdade as minhas asas.
Da minha boca chegará até ao céu
o que dormia sobre a tua alma.
És em ti a ilusão de cada dia.
Como o orvalho tu chegas às corolas.
Minas o horizonte com a tua ausência.
Eternamente em fuga como a onda.

Eu disse que no vento ias cantando

como os pinheiros e como os mastros.
Como eles tu és alta e taciturna.
E ficas logo triste, como uma viagem.

Acolhedora como um velho caminho.

Povoam-te ecos e vozes nostálgicas.
Eu acordei e às vezes emigram e fogem
pássaros que dormiam na tua alma.


Pablo Neruda, in "Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada
  Esta deveria ser a canção saída da tua boca ... de manhã, de vez em quando, ao despertar ...quando me procuras instintivamente no teu corpo.

domingo, 14 de julho de 2013


Alguém parte uma laranja em silêncio, à entrada
de noites fabulosas.
Mergulha os polegares até onde a laranja
pensa velozmente, e se desenvolve, e aniquila, e depois
renasce. Alguém descasca uma pêra, come
um bago de uva, devota-se
aos frutos. E eu faço uma canção arguta
para entender.

Inclino-me para as mãos ocupadas, as bocas,

as línguas que devoram pela atenção dentro.
Eu queria saber como se acrescenta assim
a fábula das noites. Como o silêncio
se engrandece, ou se transforma com as coisas. Escrevo
uma canção para ser inteligente dos frutos
na língua, por canais subtis, até
uma emoção escura.

Porque o amor também recolhe as cascas

e o mover dos dedos
e a supensão da boca sobre o gosto
confuso. Também o amor se coloca às portas
das noites ferozes
e procura entender como elas imaginam seu
poder estrangeiro.
Aniquilar os frutos para saber, contra
a paixão do gosto, que a terra trabalha a sua
solidão - é devotar-se,
esgotar a amada, para ver como o amor
trabalha na sua loucura.
Uma canção de agora dirá que as noites
esmagam
o coração. Dirá que o amor aproxima
a eternidade, ou que o gosto
revela os ritmos diuturnos, os segredos
da escuridão.
Porque é com nomes que alguém sabe
onde estar um corpo
por uma ideia, onde um pensamento
faz a vez da língua.
- É com as vozes que o silêncio ganha.


Herberto Helder in Ou o poema contínuo

sexta-feira, 12 de julho de 2013


Vem viver comigo, sê o meu amor
E alguns novos prazeres provaremos
De areias douradas e regatos de cristal
Com linhas de seda e anzóis de prata.

Aí o rio correrá murmurando, aquecido

Mais por teus olhos do que pelo sol;
E aí os peixes enamorados ficarão
Suplicando a si próprios poder trair.

Quando tu nadares nesse banho de vida

Cada peixe, dos que todos os canais possuem,
Nadará amorosamente para ti,
Mais feliz por te apanhar, que tu a ele.

Deixa que outros gelem com canas de pesca

E cortem as suas pernas em conchas e algas;
Ou traiçoeiramente cerquem os pobres peixes
Com engodos sufocantes, ou redes de calado.

Deixa que rudes e ousadas mãos, do ninho limoso

Arranquem os cardumes acamados em baixios;
Ou que traidores curiosos, com moscas de seda
Enfeiticem os olhos perdidos dos pobres peixes,

Porque tu não precisas de tais enganos,

Pois que tu própria és a tua própria isca,
E o peixe que não seja por ti apanhado,
Ah!, é muito mais sensato do que eu.

John Donne, in "Poemas Eróticos"

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Missiva tecida em lã de Carneiro


" Somos seres que conhecem, querem e amam, e a partir do momento em que damos atenção aos objectos do conhecimento, da vontade e do amor, reconhecemos com evidência que não existe nenhum que não seja impossível. Apenas a ilusão pode ocultar esta evidência. A consciência desta impossibilidade obriga-nos a desejar continuamente prender o que não se pode prender através de tudo o que desejamos, conhecemos e queremos.

Quando qualquer coisa parece impossível de obter, seja qual for o esforço que façamos, isso indica um limite intransponível a esse nível e a necessidade de uma mudança de nível, de uma ruptura  do tecto. Consumir-se em esforços a esse nível degrada. Mais vale aceitar o limite, contemplá-lo e saborear-lhe a amargura."
Simone Weil




  Na desilusão não existem surpresas ligeiras . Existem impactos complicados de entender.
 Evitando o mal, evita-se a desilusão.
 Evitar-te vai ser a minha constante:
MOI



 

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Dedicatória ao Francisco ...

" A extrema infelicidade que se apodera dos seres humanos não cria a desgraça humana, apenas a revela.
 O pecado e os encantos da força. Pelo facto de a alma não saber reconhecer e aceitar a desgraça humana, acreditamos que existe diferença entre os seres humanos, e por isso faltamos á justiça, seja porque estabelecemos uma diferença entre nós e os outros, seja porque preferimos certas pessoas a outras.
Tal decorre do facto de não sabermos que a desgraça humana é uma quantidade constante e irredutível, tão grande quanto, em cada homem , pode ser, e que essa grandeza vem de um único Deus, de modo que existe semelhança entre um e outro homem ".
Simone weil

Esta é uma dedicatória a alguém que pretende ser crente e temer a Deus ...mas que no fundo só aparenta ser, não crê  nem teme a Deus.
Por todos os exemplos que conheço como este, não quero fazer parte da carneirada....

sábado, 8 de junho de 2013

Contando Carneiros....





"Aquilo que é essencialmente diferente do mal, é a virtude acompanhada de uma percepção distinta da possibilidade do mal , e do mal apresentando-se como um bem. A presença de ilusões abandonadas, mas presentes no pensamento, constitui, provavelmente , o critério da verdade." Simone Weil




















 As minhas ilusões a que te referes, eram a minha verdade ou a supremacia do bem ao mal .
 O cerne da tua ilusão era a luxúria que podia ter todos os rostos e corpos que imaginavas de olhos fechados enquanto me deixavas amar-te languidamente.

"Só podemos ter horror de fazer mal a alguém quando nos encontramos no ponto onde esse alguém já não pode fazer-nos mal (amamos então os outros, no limite, como a nós próprios promovidos)."   Simone Weil

Todo mal que temes de mim é o conhecimento que tenho de ti.
Só poderás ser tu tal como temes ser quando eu te aceitava na tua mentira de mancha humana. E dessa, tenho as mãos enrugadas de tanto tentar moldá-la em verdade.
Temo não querer 
querer mais, mas nesta inércia emocional,
 não existem perigos mais fortes do que a solidão.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Como um manto de carneiro

Não deveria escrever sobre a lua como sempre o fiz.
Está lá fora, enorme, ávida por ser apreciada.
Não posso sair do quarto; não posso olhá-la de olhos lavados em ti.

Lua, que sempre me incentivaste a cultivá-lo,
arranca este pedaço dele que se me agarrou ás vísceras,
pois de mim já não inflamam ardores,
nem gemem dores de esperança.
Pari o monstro que fui alimentando,
comi o prenúncio de futuro carregado de mentiras
e matei a libertinagem com verniz que estalou.
São assim as minhas mãos ao luar...
vazias de ti
e do teu sabor a falso.
Hoje, há uma lua que se encheu deste meu vazio.