sábado, 10 de novembro de 2012

Lucinda , luz e mar


Há qualquer coisa de muito triste no teu olhar, Lucinda.
uma história de eventos que te pesam as pálpebras e que me fazem chorar.
No teu rosto de menina Inês envelhecida ainda guardas a esperança de salvar o mundo, aquele que confundes com o teu mundo.
Andas sem rumo, Lucinda; e como é possivel se o teu nome é luz e os teus olhos , águas transparentes ?
Como é possível provocares-me receios de te perder se nunca me foste próxima?
Como um ladrão de corações, passaste por mim e deixaste-me vazia.
Se tudo o que quiseste fazer pelo mundo te deixou assim...


Lucinda , de olhos cansados de estarem postos no mundo abandonas a tua estima e deixas-me a tarefa de me preocupar em saber se o mundo é suficiente grande para ti.


Lucinda, há algns anos atrás... 
  

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Outro possível monólogo...







Sabes, príncipezinho, se trazes contigo uma semente que tencionas germinar, não te esqueças que essa flor vai precisar da tua atenção para crescer;
vai precisar do teu amor para te regalar beleza;
e nada mais do que um piscar de olho de paraíso te vai poder oferecer.
Porque o paraíso é a imaginação que germina a dois  quando se encontram na arte de amar;
 o som e o movimento mestrados pelo corpo e pela palavra .

Sabes, prìncipezinho, um dia, vou-te contar a história do chá...

Mulher andando nua pela casa



"Mulher andando nua pela casa
envolve a gente de tamanha paz.

Não é nudez datada, provocante.

É um andar vestida de nudez,

inocência de irmã e copo d'água.


O corpo nem sequer é percebido

pelo ritmo que o leva.

Transitam curvas em estados de pureza,

dando este nome à vida: castidade.


Pêlos que fascinavam não perturbam.

Seios, nádegas (tácito armistício)

repousam de guerra. Também eu repouso.



Não tenho pressa no repouso. Coisa natural. Comecei tarde."

Carlos Drummond de Andrade 

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

"Eu que não sei quase nada do mar
Descobri que não sei nada de mim"




O mundo não muda , as mentalidades  não mudam .
O homem oferece resistência á mudança.   
Mesmo que hajam pontualmente pessoas bem intencionadas em renovarem hábitos bafientos e proveitosos só para uma elite ou para próprio beneficio de quem o sabe tirar através de mercados financeiros desregulados, esses mesmos aventureiros serão recordados somente como alguém que quis mudar a história e nada mais.

Os media , os governos e os legisladores estão directamente dependentes de quem lhes dá poder para poderem auto garantirem-se financeiramente e neste momento não existem interesses em salvar países, estados ou sociedades da banca rota.
Quem sabe fazer dinheiro , fá-lo na sombra dos outros e para ter um imediato  lugar ao sol . O tempo, a experiência e o trabalho já não fazem riqueza nem novos ricos. Hoje existem espertos que se gabam de saltar muros da decência financeira para seu próprio beneficio e os que não se gabam fingem estarem numa situação aflita como a maior parte das sociedades em perigo de colapso financeiro. 

Já não vejo o jornal na televisão e pouco falta para deixar de ler o jornal.
O que se passa no mundo nada é mais do que uma pantomina encenada por homens de colarinho branco ,de ar frio e calculista e que se sociabilizam e rodeiam de muita gente para parecerem humanos como os outros.

A vida acontece á minha volta a cada minuto que passa e sou eu que dirijo a minha atenção para o que me faz bem e para o que me alimenta o espírito, esse sim, o único que não pode ser valorizado pelo dinheiro . A única riqueza que esses homens não têm e que nunca compreenderão a razão da sua importância, porque pensam que nunca se sentirão sós e vazios, até...

terça-feira, 6 de novembro de 2012

100º pensamento





" O cataclismo não acontece e nós nada fazemos porque estamos de novo no centro da vida normal, onde a negligência adormece o desejo. E, porém, não deveríamos precisar de cataclismo para amarmos a vida hoje. Deveria ser suficiente pensar que somos humanos e que a morte pode chegar esta noite " 
Alain de Botton in Como Proust pode mudar a sua vida


 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012


Todas as manhãs são diferentes o pelo tempo ou pelo que se passa na paisagem, mas porque no processo do sono também há regeneração, mutação, mesmo que a sensação seja a de eterna imutabilidade...
Os nossos sentidos enganam o processo de percepção e racionalização por estarem intimamente ligados a um comportamento fisico rotineiro , impedindo assim o livre arbítrio do movimento espontãneo.
Existem manhãs assim... 

Quando o sonho nos suspende a vida.



 “O meu teclado branco espera por mim todas as manhãs.
Também ele já está a perder o brilho das teclas, sinal do uso desenfreado que lhes dou.
Nem sempre consigo chegar e debitar.
Em algumas manhãs há palavras que se soltam e que pedem para ser ditas.
Noutras tenho de ser paciente.
Esperar que as palavras acordem e se queiram dizer. Nunca me rendo à preguiça delas. Quando elas me parecem mais ensonadas escrevo-as mais devagar.
Para que despertem serenamente e não se digam atropelando-se umas às outras.
Elas lá vêm. Eu, qual mãe dedicada, pego-lhes ao colo.
Embalo-as e transformo-as em símbolos alinhados no
meu teclado branco que já está a perder o brilho das teclas”

“O acto de escrever exige continuidade”.
Al Berto