terça-feira, 11 de outubro de 2011

Os nossos encantos são no 5o andar

A festa do cinema francês já começou no passado fim de semana e para quem perdeu a apresentação do filme de Karim Dridi que conseguiu juntar o verdadeiro casal Marillon Coutillard et Guillaume Canet....não perderam muito. De facto foi por ter estes dois nomes no casting que fiz questão de ir em vez de ir descansar para casa.

E como as críticas negativas não valem após o filme ter sido comercializado....passemos ao filme que que foi uma óptima surpresa : " Les femmes du 6ème étage" traduzido para português como : " Os encantos do 6o andar", um título mais faccioso.

O casting não poderia ser mais ecléctico e apurado.Todas as personagens encarnam brilhantemente caracteres únicos que lhes dão uma animação e densidade psicológicas tão díspares quanto o universo do comportamento humano pode ser.

"Jean-Louis, é um corrector de bolsa rigoroso e bom pai de família . O típico burguês a chegar á meia-idade e a sentir-se encurralado na Paris dos anos 60. Até descobrir, por intermédio de Maria, a jovem empregada que lhe limpa a casa, as vizinhas do 6o andar".

E aqui abre-se-lhe uma porta para o mundo das sensações que Jean-Louis nunca tinha experimentado com a sua mulher ,estériotipo da mulher vazia , fria , calculista e sem interesses particulares a não ser manter uma fachada de boa mulher e mãe de filhos com quem não passa tempo nenhum. Enfim, descobre a vida aos 45 anos e mais não vou contar, pois não só é um filme que vai passar nas salas como as coisas boas é para irem sendo saboreadas em pequenas doses.

Um filme que me fez sorrir , rir e pensar no meu cher Bélier :-)
 A não perder !

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Dopado

Um dia de trabalho pode começar com clientes e actividades que menos esperamos. Tudo é uma incógnita quando se recebe turistas ou viajantes que não têm ideia do que é Portugal.
 Só Vasco da Gama e Fernão de Magalhães parecem merecer alguma curiosidade para visitar um dos últimos redutos da Europa para quem já tudo visitou.....repetido inúmeras vezes sobretudo por norte-americanos.

A viagem pela nacional até Muge é uma delicia para quem gosta de paisagens acidentalmente bucólicas e explico a vertente generalizada não agrícola do país enquanto no banco detrás se vão deliciando com os sobreiros e as hortícolas do Ribatejo,mas nem sinal dos toiros que anseiam por ver.

É na casa de Cadaval que começa a deliciosa experiência de conhecer o cavalo Lusitano . Ninguém como a Teresa para mostrar a quem não sabe o que é nobreza, a simplicidade e naturalidade do bom acolhimento predispondo o seu tempo para mostrar que os lusitanos são cavalos especialmente dóceis e subtis.

Jenny, amiga da condessa e homeopata de cavalos juntou-se a nós para o almoço e trocam-se informações e estórias únicas que fazem destes momentos , prazeres inesqueciveis.

Durante 25 anos viveu nos U.S.A. onde se dedicou , então á homeopatia veterinária, sobretudo para cavalos. Uma senhora nascida num solar minhoto e desde criança habituada a montar, seguiu a sua paixão pelos cavalos que lhe rende um brilho no olhar de menina dedicada , estudando e amando todo movimento do lusitano.

Aprendemos a diferença dos olhares nos cavalos , da postura da sua cauda, da orientação das orelhas , do comportamento no picadeiro logo após ter sido retirado do campo. Sim, porque nesta quinta os lusitanos passam os primeiros anos das suas vida em liberdade no prado. E tudo o que se aprende com Jenny é apaixonante e para quem já gosta de cavalos.... apaixona-se por cada movimento seu.

Já a caminho do Porto tentei continuar a minha exposição sobre a economia do país, mas o cansaço era muito após montar tão belos exemplares deste cavalo tão inebriante e assim que no banco de trás se fez o silêncio da sesta, voltei ao picadeiro sob o doce olhar sexagenário de Jenny observando e anotando o comportamento dos recentes domesticados cavalos e a imponente figura de Teresa tentando no meio do picadeiro manter uma primeira ligação emocional com o Dopado.

E ainda sobre este estranho nome dado a criatura tão bela e valente, aprendi que todos os anos há uma nova letra para o nome de um novo animal e filho de Heroína num ano de letra D.....deu, Dopado.

Que mundo tão simplesmente desligado de preconceitos :-)