quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Romance em Fraser Island


7h20 am e John, o guia da natureza ja estava `a porta do hotel para me levar para mais um dia de aventuras. Cada dia diferente e melhor, s`o e mais exposta a conhecer novas gentes; e que consolo!

Eramos um grupo internacionalmente sui generes: um casal de russos de ar pesaroso e descontente pelo intenso calor; um casal de irlandeses que conheciam Portugal= Albufeira; 3 surfistas franceses ,estudantes na Suica que me questionavam constantemente pelos timmings dados pelo guia; e japonesas que tremiam de medo assim que as gigantes moscas autoctones da ilha Fraser se aproximavam delas.

John garantiu-me o lugar ao lado dele por ter-me considerado colega de profissao. Nem eu sabia o que esperar de um guia de natureza numa ilha remota....
Fraser Island tem tudo o que se quer ver numa ilha, menos, est`a claro, os ex-autoctones...aborigenes.

A passagem para a ilha `e feita de ferry onde vao todos os jipes, pois nao `e permitido outro genero de veiculos devido ao solo arenoso e sujeito a criar dunas pela falta de chuva.
No entanto, existe uma floresta tropical, densa como so imaginamos numa Amazonia: eucaliptos de varios tipos, sanitays ( especie de tronco robusto como o sobreiro,mas nao tao leve) utilizado para a industria naval, construcao do canal Suez e as docas de Londres: assim como todas as outras arvores ali plantadas desde o sec.19 com a finalidade da sua comercializacao. Desde entao, varias outras especies se adaptaram trazidas por ventos, outras fungos consequentes da humidade criada por este novo habitat. O resultado `e exuberante.
Toda a fauna parece sinergeticamente envolvida com a floresta e decidida a prestar ao mundo mais um lugar idilico para consolar a alma. Ate cobras-pitons verdes e amarelas relembram-nos as cores da Australia - no mundo do desporto - e aparecem quando menos se espera.

Uma ilha que parece tao naturalmente selvagem foi, afinal pensada e preparada para ser rentavel ao continente e alem-mar.
O exotico da viagem `e sem margem de duvida, entrar na auto-estrada da ilha que `e tao somente o areal vasto `a beira-mar a perder-se de vista...enquanto a mar`e est`a vazia. A sinaletica ajuda os condutores a manterem os limites de velocidade e a partilharem a mesma via com as avionetas enquanto que os turistas procuram avidamente um dingo a passear como se anunciam nos folhetos turisticos; e l`a est`a um que se aproxima do mar e todos se aproximam ao lado direito do carro para eternalizarem o evento. Afinal s`o aqui `e que existem estes caes selvagens e magrerrimos por ninguem lhes poder dar de comer.

Eli creek `e a ribeira que nos oferece a 1a chance de nos banharmos. `Agua doce que tem o seu termino no oceano,assim como as centenas de outras ribeiras que vagueiam sem barulho por leitos de areia de graos de quartz, branca , limpida e criando uma flora verdejante unica que s`o cresce em agua purissima. Um regalo de ver e de usufruir.

Passo a parte do almoco que nao tem impacto nenhum neste dia, mas tambem nao `e pela cozinha Australiana que me desloco.

Desde pequena que sonhava em um dia poder visitar o lago Makenzie por ter uma forma de coracao enorme e ...j`a me parecia uma boa razao.
As imagens que vemos em livros de fotos tiradas do ar para evidenciar a sua forma nao sao fieis `a beleza que realmente nos `e presenteada assim que l`a chegamos. `E necessario um afastamento emocional da projeccao idilica de cada um para nao verter uma lagrima de contentamento no momento da descoberta.

Foi no barco de regresso que senti que poderia comecar a chorar de felicidade por ter visto tanta beleza num s`o dia e esse dia ter que terminar sem saber se alguma vez terei um dia tao romantico quanto este. Nao fosse o termo "romance" ter sido completamente adulterado pelos escritores j`a no final do sec.19 - quando os seus instinctos amorosos eram enaltecidos pelo bem-estar desse amago sensorial vivido pela apreensao da natureza - poderia dizer que este foi o dia mais romantico que algum dia tive, sozinha.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Dia da Australia

Amanha celebra-se o dia nacional da Astralia e curiosamente ninguem me sabe dizer porque nesta data.
Ja se comecam a fazer convites para megas-churrascos organizados em parques, casas privadas, cafes, restaurantes e ate nas praias.

Decidi ir fazer snorkeling nesse dia tao especialmente dedicado `a ebriedade socialmente aceite.
Vendem-se as ultimas t-shirts, bandeiras e chapeus com a bandeira nacional e os grandes festejos vao ser em Sydney com fogo de artificio no porto, mas outras cidades tambem terao eventos para celebrar um dia de feriado como este.

Como estou h`a 2 dias enfiada no hotel bem simpatico e exuberante em flora e sapos e com o programa de mergulho em stand-by, vou regalando-me com os jogos do open da Australia onde os melhores jogadores mostram o pesar que este calor humido tem.

E, amanha, finalmente o fim deste impasse causado pelo Olga.
Nao havera churrasco para mim, mas espero poder ver a familia do Nemo.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Magalhaes , sempre!


Os Domingos sao dados a algumas expressoes de intimidade familiar ou ainda a alguma introspeccao, pelo menos, para mim e alheadamente `a minha situacao geografica.
Nesta etapa da minha viagem na parte Este da Australia, j`a fizemos para alem dos 2500Km de estrada,alguns dias sem parar, ou parando s`o para por mais gasolina.
Na 1a fase fizemos logo cerca de 1400Km para N e em 2 dias, serpenteando campos vastos de cana de acucar e plantacoes de manga, as melhores que j`a comi.

O verde nao me deixa de surpreender pela quantidade e persistencia ao longo de tanta estrada. De vez em quando,aparece um canguru ou ratazana mursipal ,mortos ao longo da estrada. Existe uma teoria em que se defende que os cangurus se sucidam atirando-se para frente dos automoveis....eu prefiro acreditar que sao curiosos e que querem saltar para se divertirem com a velocidade dos passantes.

Na tarde do segundo dia de viagem comecou a chover torrencialmente,pois o ciclone anunciado exactamente para onde nos dirigiamos, j`a estava a provocar mau tempo.
A nossa missao era chegar a Etty Bay - uma pequena praia paradisiaca, onde s`o alguns tem o privilegio de ter uma casa em madeira, logo ,ambientalmente correcta. A`i, seria o nosso poiso por alguns dias para podermos mergulhar no grande recife Australiano - estamos a falar de 2000Km de recife de corais -disperso por ilhas paradisiacas a perder de vista.

Os planos iniciais nao foram bem explicitos e afinal,nem estavamos perto de um porto para visitar os corais, nem a casinha era tao acolhedora quanto parecia, pois estava j`a h`a algum tempo desabitada.
A noite foi praticamente em claro, pois entre a chuva torrencial, ventos ciclonicos e calor humido...e de manha para decepcao do Ian, anunciei-lhe que nao ficaria mais um dia ali.
Sem poder mergulhar , nadar ( `e a epoca dos peixes que picam e s`o se pode nadar com fatos de mergulho) ou passear, a viagem tinha chegado ao seu termino.

Voltamos para Sul, novamente, mas desta vez, segundo os planos de uma guia profissional que estava a tentar nao se impor nos planos de viagem de um autoctone.
Amigas colegas, sabem o quanto custa nao impor a nossa estrategia quando se fazem projectos de viagem....
E agora estamos j`a em Airlie Beach em frente `as ilhas Whitsundays, designadas como as mais belas de todo recife (`aguas transparentes, areia branca e vegetacao exuberante) e onde vim a descobrir por terceiros que sao realmente as ilhas a visitar.

Visto o mau tempo ter descido para sul, hoje nao pude partir de catamaran para mergulhar, mas amanha l`a estarei `a mesma hora.
Est`a dificil!!!
Ainda bem que nao desisto de levar comigo guias turisticos....livros!
Perseverancia e fe sao os meus pilares nesta viagem, ou afinal, nao tenho genes de navegadora ?

sábado, 16 de janeiro de 2010

Um dia em Mount Tamborine

O Sabado foi combinado com alguma antecedencia, pois queriamos visitar caves de vinho com um bom grupo de amigos ;e assim foi.

Apanhamos uns amigos pelo caminho e seguimos direccao a Mount Tamborine, onde se encontram dezenas ,se nao, centenas de caves que mais parecem challets coloniais e onde a variedade das castas se cinge ao Shiraz, Cabernet Sauvignon e Merlot e nao esquecendo `e claro para os brancos, o famoso Chardonay.

Visitamos as 3 que nos eram recomendadas : Nathan, onde comprei um licor de mel com mirtillos; Heritage onde a prova foi feita de p`e e `a pressa e quando chegamos `a AU, j`a estavam praticamente a fechar, mas foi de longe a que nos ofereceu um vinho de boa qualidade. Para quem gosta de vinhos fortes em taninos, estao no pais certo.
Para quem quiser ficar pelos portos, tamb`em os h`a. Desde o ruby, tawny, brandy e scotch , todas estas designacoes de porto, por lei, nao sao permitidas , mas `e a unica maneira que tem de apresentar esta gama de vinhos.

Almocamos todos num clima de festa familiar num forum recentemente construido onde se reunem varias industrias alimentares para degustacao. As que nos apelaram foram a dos queijos e a da cerveja.
Local absolutamente pensado para reunioes familiares e sociais em dias de lazer e onde a gula pode ser levada a serio.
A variedade de queijos `e extraordin`aria e de boa qualidade e quanto `as cervejas....vivam as belgas !
Nao deixa de ser um local aprazivel , pacato e com um cenario estonteantemente verde.

A tarde j`a avancava e antes que a sonolencia atacasse pelo calor que se sentia fomos visitar o Warren que tem uma casa de campo em Tamborine e onde para al`em do seu exuberante espaco exterior, ainda tem terra classificada de parque nacional.
Blue dragons, lorricanes (esp`ecie de papagaio autoctone ), araras, jacarand`as, sequoias,eucaliptos de v`arios tipos, bambus, acacias, camelias, araucarias, bananeiras, palmeiras, e tantas outras mais que poderiam fazer com que caisse no exagero, mas , nao. `E muito mais que isto. `E muito mais do que a minha vista alcanca. `E indiscritivelmente exuberante!

A familia do Warren estava toda reunida na parte plana do relvado. As criancas brincavam , os adultos beberricavam vinho enquanto trocavam piadas e n`os eramos levados num tour guiado pelo propriet`ario que com um orgulho assertivo mostrava as suas esp`ecies botanicas ameacadas pela lantana.....e quase que nao acreditou quando lhe disse, ironicamente que em Portugal compra-se lantana para decorar os jardins.

Foi depois de ter testemunhado a beleza de uma minima floresta tropical que faz parte da sua quinta onde o riacho nos convida a mergulhar os pes, nao fosse a proximidade de cobras, que me dei conta que estava praticamente rendida a querer mudar de vida e de pa`is.

As `arvores gigantes que mal deixam passar a luz e que dao oportunidade aos fetos de se expandirem, o som dos p`assaros ex`oticos que ecoam por entre as copas das `arvores e atraves dos bambus; o jogo de futebol praticado entre n`os e onde todos jogavam ,desde petizes a graudos e cada um com seu pa`is como bandeira, pois , afinal, a Australia `e o mundo novo.

A terra dita das "oportunidades" pode ser crida no continente Americano ,mas aqui tamb`em existem essas, mas muito mais. H`a qualidade de vida, bem-estar geral e ainda nao vi sinal de mis`eria. Ainda bem que nao h`a muitos que o saibam.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Ritualizando....

Main Beach, 04h30 e o sol ja tinha nascido quando acordei.
Nao sofri do dito jet lag, pois o dia aqui comeca para todos quando o sol nasce.
`As 5h30 tomavamos o pequeno almoco com fruta deliciosa que cresce nos jardins e `as 6h00 ja estavamos na praia para surfar.

Os amigos e vizinhos encontram-se no parque de estacionamento ou vao juntos no mesmo carro e vive-se numa tal confianca que alguns objecto surplefluos `as actividades praticadas deixam-se junto ao carro e com certeza que ai estarao no regresso.
Como ainda estou lesionada no braco comeco a correr ao longo do passeio maritimo que acompanha sempre a praia quase deserta por ter uma extencao a perder de vista. O calor que ja se faz sentir, pois o sol ja vai alto, `e cortado pelas enormes copas das arvores ao longo da via pedonal.

Aqui existe um ritual comum a toda a Australia visivel na pratica desportiva que mesmo variada , une esta sociedade fazendo da amizade e boa vizinhanca ,o hino nacional.
Pratica-se a amizade e a partilha atraves do desporto. Um ritual saudavel, cumplice e reconfortante.

No mar, os surfistas falam enquanto esperam pelas ondas; no passei maritimo, joggers ou caminhantes passam a dois ou cruzam-se cumprimentando outros; e os bikers competem em equipas de 4,6,10,20 e no fim juntam-se nas esplanadas para beberem um caf`e antes de voltarem a casa para se vestirem para o trabalho.

Parece-me que `a parte do Botao, esta poderia ser a sociedade onde a percentagem felicidade sera maior e visivelmente testemunhada.

Vai ser dificil surpreenderem-me mais....

Fado da partida

Um dia vou-me rir a contar o dia da minha partida para a Australia onde ficaria um mes a desfrutar de paisagens unicas em `optima companhia.

No aeroporto agarrei-me `a minha aminga Manu e um n`o na garganta melancolizou o momento.Deixava uma situacao mal resolvida e viajava sem o querer, mas por precisar de me ausentar.

A viagem ate Paris foi rapida como normalmente e muito reconfortante com um hospedeiro a mimar-me com atencoes, desde uma almofada ate a um segundo servico de cha. O vermelho dos meus olhos aumentara devido a pressao do ar e deveria ser perceptivel essa tristeza numa cor tao quente.

Em Paris fazia -5C, mas nao tao frio como Lisboa. " As vezes tenho mais frio no meu quarto vazio", soava-me a algo familiar, talvez a uma musica dos Xutos.

Sai para fumar um dos meus ultimos cigarros e fui bombardeada com a mafia dos taxistas parisienses que no seu ar rufia, intimidavam qualquer cliente. Um sem-abrigo retirava com o dedo indicador as nats de um pacote ja quase vazio. A gordura ingerida a frio para aquecer a alma.

Mudei de terminal e de cenario. Nas partidas de viagens de longo curso tudo o que `e loja , brilha numa tentativa de se aproximar aos neos Orientais . Os cafes estao abertos e compro uma agua e ua revista de psicologia onde um dos artigos me chama a atencao.
Na sala de embarque ja se veem muitos orientais e australianos. Irremediavelmentereconheciveis, uns pela fisionomia, outros pelo estilo tao descontraido e indumentaria ligada ao mundo dos desportos e aventura.

O melhor aeroporto de sempre- Singapura!
O lounge para fumadores e exactamente um terraco exuberantemente decorado com plantas exoticas desde palmeiras , bananeira e jacarandas e um bar no meio desta selva reservada a viajantes. Ar puro!

Quanto a chegada a Brisbane....inesquecivel pela luminosidade, calor e extencao de territorio.
O Ian ja me esperava ha algu m tempo sem saber que a minha mala tinha sido destruida e aconchegada com cintos da companhia aerea Qantas, talvez a melhor companhia com que ja voei.
E agora, o mundo novo tao desejado vai ser com muita certeza e vontade, bem explorado.
Amanha , fialmente as estorias das 1as imagens que nao poderiam ser melhores.