domingo, 29 de abril de 2012

Uma série de eventos pouco prováveis - I - A Sra. de Marte

Quase todos os amantes de filmes e de literatura de suspense gostariam pelo menos uma vez na vida de terem privado com um agente da CIA ou qualquer outro membro participante de uma organização de serviços secretos, não ?
 Finalmente, tive a minha oportunidade, mas como prestadora de serviços de guia-intérprete no meu país não pude abusar do meu tempo limitado a questões ao cliente, mas D foi a agente mais "sui generis" que já alguma vez imaginei poder existir nesse meio.

 D de estatura alta e fina poderia passar por um homem quando usava a sua longa gabardina e o seu chapéu onde enrolava o longo cabelo negro para cuidadosamente o proteger da chuva miudinha.
Distraída, passo largo e descuidado e constantemente a metralhar instantes com a sua Nikon profissional, D faz parte de um grupo de viajantes que trabalha com a National Geographic .


Enquanto lhe falava da praia do Restelo e da placa tectónica sob Lisboa , D sorria e perguntava se normalmente se viam submarinos no Tejo. Eu sorria e respondia-lhe que desde a "neutralidade" politica portuguesa durante a II G.G.M. tínhamos começado a avistá-los ao longo da costa portuguesa e também no Tejo e desde então, até tínhamos investido recentemente na compra de mais alguns , pois na altura da visita dos primeiros submarinos alemães e americanos ainda não tínhamos nenhuns ; e ficámos sempre com a ideia de poder investir nessas embarcações tão importantes para o desenvolvimento cientifico...
O gelo quebrou-se com a gargalhada de ambas e a proposta seguinte foi o pastel mais famoso de Portugal, o de Belém.

Quando lhe contei que os monges que anteriormente tinham vivido no mosteiro dos Jerónimos se tinham dedicado ao fabrico destes famosos pastéis, D concordou que a melhor aptidão dos monges era sem dúvida a doçaria.
E foi durante esse momento gourmet que D confessou o seu estatuto civil de reformada, embora com 50 anos , mas por ter sido agente da CIA que como a variante de stress na sua vida profissional lhe valeu uma reforma antecipada.


Foi aqui que entrou um dos meus actores favoritos em cena : John Cleese - aparentemente a CIA vai buscar os personagens mais díspares para organizarem formações de pessoal onde  entre muitos outros citados foi :  um dos membros dos Monty Pythons.

Dedicou-se á cultura vinícola e sobretudo á produção de um vinho pelo qual se apaixonou - o Alvarinho ! E decidiu voltar a Portugal para rever o país de onde é original uma das suas várias paixões.


Deliciei-me com as várias histórias de D enquanto nos dirigíamos para Tomar para visitar a sede dos Templários  de quem, surpreendentemente, D nunca tinha ouvido falar.

E como quem conta um conto ... pode acrescentar mais outro conto, ensinei-lhe que aqui em Portugal a sexta-feira 13 não é dia de azar, pois o nosso rei D.Dinis não ordenou a crueldade vinda de Avignon para erradicarem da Europa essa distinta ordem dos Templários que para além de serem nobres e sábios, também emprestavam dinheiro.
- Jesus!!!! - Disse D.
Acho que percebeu tudo!

E despedindo-se de mim á maneira portuguesa , entregou-me uma folha de papel na qual tinha vindo a rabiscar durante o percurso até Tomar.
Juro que não posei para ela , mas não é por acaso que D foi agente da CIA.