sábado, 14 de novembro de 2009

Trópico de Strauss


Enquanto adolescente curiosa e de coração atento á natureza,
lia sobre viagens ao âmago das tradições,conjunturas e história do ser humano enquanto ser sociável e indutor de mudança do seu meio-ambiente.

A história era mais agradável pela perspectiva relacional de Levi-Strauss;
e quando acabava de ler " Tristes trópicos" sentia que alguém me tinha apaixonadamente oferecido uma leitura sobre o mundo.

Um dia mais tarde iria questionar a racionabilidade do ser humano que perante tanta repetição factual continuaria a cometer os mesmos erros sem alguma aprendizagem reter dos mesmos.
Logo percebia a frase : "Errar é humano".

Era a ausência da sua essência como energia motriz dessa criação - a humanidade - a qual despoletaria erros fatais á visão de um ser capaz de racionalizar os seus sentimentos.
Talvez o erro fosse, exactamente, deixar a razão prevalecer no lugar da emoção...talvez.

A ciência também já provou o erro e do erro.
O amor como verdade é o único que tem dado provas certas.

E como é que se consegue partilhar o saber se não através da paixão ? Essa força inata que nos compele a querer partilhar?
Um acto não altruísta, mesmo egoísta , de humanamente se compensar a si próprio ?

Claude Levi-Strauss foi apaixonado por tudo o que levava ao acto criativo e como a criação pode ser um acto acidental, o homem como criador não era importante, mas sim a sua obra.
Hoje escrevo sobre um homem que deixou uma grande obra e sobre a qual não faz sentido falar sem pronunciar o seu nome.

Fica aqui um excerto de uma das suas obras:
" É então que eu compreendo a paixão, a loucura, o logro das narrativas de viagens. Oferecem a ilusão daquilo que já não existe e devia ainda existir, a fim de escaparmos á deprimente evidência de estarem passados 20 000 anos de história.
Já não há nada a fazer : a civilização já não é essa flor frágil que se preservava, se desenvolvia com grande custo em alguns recantos abrigados dum torrão rico em espécies rústicas, ameaçadoras sem dúvida pela sua vitalidade, mas que graças a ela permitiam variar e revigorar os gérmenes. A humanidade está a instalar-se na monocultura; prepara-se para produzir a civilização em massa, como beterraba. O seu regime habitual passará a ser constituído por esse prato único ".
Claude Levi-Strauss in "Tristes tropiques" 1955