terça-feira, 16 de julho de 2013

Para o meu coração basta o teu peito,
para a tua liberdade as minhas asas.
Da minha boca chegará até ao céu
o que dormia sobre a tua alma.
És em ti a ilusão de cada dia.
Como o orvalho tu chegas às corolas.
Minas o horizonte com a tua ausência.
Eternamente em fuga como a onda.

Eu disse que no vento ias cantando

como os pinheiros e como os mastros.
Como eles tu és alta e taciturna.
E ficas logo triste, como uma viagem.

Acolhedora como um velho caminho.

Povoam-te ecos e vozes nostálgicas.
Eu acordei e às vezes emigram e fogem
pássaros que dormiam na tua alma.


Pablo Neruda, in "Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada
  Esta deveria ser a canção saída da tua boca ... de manhã, de vez em quando, ao despertar ...quando me procuras instintivamente no teu corpo.

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