sábado, 10 de março de 2012

Uma paz inventada

Olho para o meu jasmim em flor na varanda
Olhando o rio,
Azul, no seu esplendor;
E o branco inebriante do cheiro de memória do jasmim
atrás da tua orelha
nas ruas de Tunis;
De mãos dadas e de promessas nunca feitas.

Este cheiro a Primavera de sentidos e a esperança de amor...
Um dia andarei de mãos dadas contigo nas ruas de Cartago
entre este doce cheiro de jasmim e o denso azul mediterranico
sem que saibas que afinal,
era comigo que ias entrar no labirinto da vida com sabor a jasmim .

Afinal, nunca demos as mãos como dão os amantes e nunca fizemos promessas como ditam os corações.
Mas também, nunca estivemos em Tunis.

Por vezes, questiono-me se te conheço, realmente...
Mas, o jasmim relembra-me o cheiro que usavas atrás da orelha nas ruas de Cartago
 e consigo sentir o calor das tuas mãos cujo suor se confundia com o Mediterraneo;
e este azul do Tejo ...quando fecho os olhos é igualmente ofuscante e calmo.
Que te posso dizer , senão,  que não me lembro do teu sorriso nem da cor dos teus olhos ?

E desespero ainda mais quando me lembro do teu corpo envolto no meu como uma imagem emoldurada , mas já não sinto nada.
Os sentidos perderam a memória e só o jasmim trouxe algum devaneio sem rosto,
sem corpo
e sem identidade.
Uma paz de uma memória inventada, desejada e possivelmente 
Uma paz criada para poder ficar em paz.



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