domingo, 7 de outubro de 2012
Dou por mim a entrar na Basílica da Estrela .
Sabia que era hora de missa e Domingo, mas deixei-me levar como me deixei levar no dia 1 de Novembro de 2005 na igreja de S.Domingos aquando dos 250 anos do terramoto de Lisboa.
Não sou crente e sempre respeitei quem o é, mas sempre evitei entrar em templos na hora das suas homilias.
Não era para ir correr para o jardim da Estrela. Andei que nem uma barata tonta á procura do meu cartão do ginásio que não encontrei e decidi assim, ir para a Estrela.
Sabia que ia ser tentada a entrar na capela funerária. Sabia que queria despedir-me de ti e sabia também que não era obrigatório despedir-me oficialmente, aos olhos de todos.
Entrei na igreja já no final da missa. Olhava para os quadros presos a paredes de mármore frias e era assim que me ia distraindo para não verter ali todas as lágrimas que tinha para te oferecer - técnica utilizada quando era adolescente para não chorar nas salas de cinema.
Pensei no teu rosto impávido , sereno , inabalável quando confrontavas os nossos políticos em debates em que os descartavas, pela tua noção e decência de ciência politica e quis ser como tu na minha vida privada ;
queria poder exibir-me como uma fortaleza á beira-mar; queria que todos os homens e mulheres me quisessem confrontar com as mesmas armas ... se de armas tivéssemos que tratar;
queria acima de tudo esconder tão bem como tu, a fragilidade tão inerente ao mundo das emoções e tão susceptível de ser abalado com um simples beijo ou um terno olhar.
E no teu olhar de mulher guerreira sentia a tua fragilidade no momento do impulso do ataque á presa; atacavas de surpresa e era uma morte anunciada para quem te tentava substimar.
Foste uma profissional exímia, infalível e ainda mais, a mulher perfeita para poder acabar uma polémica... com o sorriso mais doce.
Paixão á primeira entrevista desde que te ouvi falar ainda na adolescência.
Quis ser como tu. Quis muito pôr muita gente deste país no lugar deles e remete-los numa caixa postada para a China.
Quis tanto ser implacável que redigi textos livres em jornalismo que depois era obrigada a ler em voz alta para a turma inteira ouvir a força dessa rebelião, indignação e inquietude de temas tão vastos e tão remetidos a tabus.
Quis mudar o mundo, como tu .
Quis dizer-te tudo isto e já disse. Já está. Já me podes ouvir.
Agora já sei que te vou ter que reencontrar neste céu imenso, escuro,mas cheio de estrelas que me iluminam...como tu.
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