sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Dopado

Um dia de trabalho pode começar com clientes e actividades que menos esperamos. Tudo é uma incógnita quando se recebe turistas ou viajantes que não têm ideia do que é Portugal.
 Só Vasco da Gama e Fernão de Magalhães parecem merecer alguma curiosidade para visitar um dos últimos redutos da Europa para quem já tudo visitou.....repetido inúmeras vezes sobretudo por norte-americanos.

A viagem pela nacional até Muge é uma delicia para quem gosta de paisagens acidentalmente bucólicas e explico a vertente generalizada não agrícola do país enquanto no banco detrás se vão deliciando com os sobreiros e as hortícolas do Ribatejo,mas nem sinal dos toiros que anseiam por ver.

É na casa de Cadaval que começa a deliciosa experiência de conhecer o cavalo Lusitano . Ninguém como a Teresa para mostrar a quem não sabe o que é nobreza, a simplicidade e naturalidade do bom acolhimento predispondo o seu tempo para mostrar que os lusitanos são cavalos especialmente dóceis e subtis.

Jenny, amiga da condessa e homeopata de cavalos juntou-se a nós para o almoço e trocam-se informações e estórias únicas que fazem destes momentos , prazeres inesqueciveis.

Durante 25 anos viveu nos U.S.A. onde se dedicou , então á homeopatia veterinária, sobretudo para cavalos. Uma senhora nascida num solar minhoto e desde criança habituada a montar, seguiu a sua paixão pelos cavalos que lhe rende um brilho no olhar de menina dedicada , estudando e amando todo movimento do lusitano.

Aprendemos a diferença dos olhares nos cavalos , da postura da sua cauda, da orientação das orelhas , do comportamento no picadeiro logo após ter sido retirado do campo. Sim, porque nesta quinta os lusitanos passam os primeiros anos das suas vida em liberdade no prado. E tudo o que se aprende com Jenny é apaixonante e para quem já gosta de cavalos.... apaixona-se por cada movimento seu.

Já a caminho do Porto tentei continuar a minha exposição sobre a economia do país, mas o cansaço era muito após montar tão belos exemplares deste cavalo tão inebriante e assim que no banco de trás se fez o silêncio da sesta, voltei ao picadeiro sob o doce olhar sexagenário de Jenny observando e anotando o comportamento dos recentes domesticados cavalos e a imponente figura de Teresa tentando no meio do picadeiro manter uma primeira ligação emocional com o Dopado.

E ainda sobre este estranho nome dado a criatura tão bela e valente, aprendi que todos os anos há uma nova letra para o nome de um novo animal e filho de Heroína num ano de letra D.....deu, Dopado.

Que mundo tão simplesmente desligado de preconceitos :-)

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