Faz um ano que me pediste para segurar a tua mão. E dei-te todo o espaço que tinha no meu coração. Hoje, senti que não há espaço nem possibilidade de entrar, eu, no teu. Vou dar-te todo espaço fisico que não te quero dar - mas que posso - na esperança de um dia me pedires para entrar eu no teu.
Percorro o teu corpo com o meu olhar posto nas nuvens. O movimento cegamente branco das irregulares formas condensadas inundem-me o coração de calor de tanto te desejar perto de mim.
O algodão imaginado no céu roça a minha pele; do teu toque fica a sensação a angorá; e dispo-me no desejo etéreo de substituir as matérias. Fico nua após a constatação dos efémeros beijos e da tua curta passagem por mim, fica sempre o sabor do amor em tempos de solidão; acalentado por este feixe de lanternim serpenteando o tunel que de longo não tem fim.
Não há logro. Não há dor. Uma restia de esperança de um dia percorrendo o teu olhar na mesma direcção...a que lhe queiras dar, onde o tempo não irá mais contar.